ROMANCE DO VOLUNTÁRIO:
Apparício Silva Rillo
Voluntário
em vinte e três,
Chico
Pequeno, um piá,
deixou
rastros na memória
dos
que pelearam a seu lado
nas
serras do caverá...
Quando
o estancieiro caudilho,
de
cima do baio negro,
sacudiu
seu pala branco
fazendo
um charachachá,
no
meio de toda a gente
o
primeiro passo à frente
quem
o deu foi o piá.
-
Não quero guri na tropa!
Gritou
de cima do baio
o
caudilho comandante.
-
Lugar de guri é em casa
junto
da saia da mãe.
Que
apresente seu pai,
que
este sim agora vai
para
seguir com a coluna
queira
ou nào queira marchar.
Pois
de certo por covarde
ficou
aquentando ao fogo
e
manda a cria em seu lugar...
Chico
Pequeno, o piá,
com
o chapéu esmagado
dentro
das mãos contorcidas
num
fio de voz respondeu:
-
Respeite sua memória,
Seu
Capitão Comandante.
Não
se chama de covarde
a
um taura que já morreu.
E
se hoje me apresento
foi
atendendo a promessa
que
lhe fiz, quase em seu fim:
De
levar a sua lança
para
pelear na coxilha
sempre
que o pago se erguesse
para
seguir um clarim!
Já
com a voz embargada,
o
duro e velho caudilho
a
quem Deus não dera um filho
para
seguir-lhe o exemplo,
ao
voluntário indagou:
- E
sua mãe sabe disso?
Chico
Pequeno, o piá,
respondeu
num sufragante:
-
Sabe sim seu comandante,
foi
ela quem me mandou...