POEMA DA PRENDA NOVA

Apparício Silva Rillo

 

Mocinha do rancho da beira da estrada,

sem brinco, sem seda, sem chita floreada

- a chita floreada que tem lá na venda,

floreada igualzinha ao ipé da fazenda

florindo pachola no tempo da flor...

- Mocinha do rancho, cadê teu amor?

 

Mocinha do rancho não tem bem-querer.

Só tem a janela que é donde ela sonha

o sonho que é a sua razão de viver.

 

- Mocinha do rancho, teu sonho o que quer?

 

Quer brinco bulindo na ponta da orelha,

mantilha de seda, vestido de chita,

e um moço moreno pra moça bonita

e um rancho lá longe pro sonho dos dois.

 

- O amor morre cedo, mocinha, e depois?

 

Mocinha do rancho da voz miudinha,

onde é que aprendeste, mocinha, a canção

que cantas baixinho, a rodar na cozinha,

com olhos na estrada e vassoura na mão?

 

      - Inda terei seus amores,

      é o coração quem me diz.

      Troco um futuro de dores

      por um momento feliz..."