PARA MOÇA ROSA
Apparício Silva Rillo
A noite traz a querência
na insônia e na solidão.
Rosa que o povo chamava
Rosinha, mocinha linda,
mais que menina, mocinha,
menos que rosa, botão.
Corre o arroio de campo
pelas canhadas da insônia:
delgado flete de prata
a galopar na paisagem
com águas vivas no pêlo,
rufando claros apelos
para a impossível viagem.
Jamais voltar.
Mão de raiva
cerrou-lhe a porta do rancho
e abriu-lhe o engano da vida.
Rosinha desperançada,
o pai lhe grita: - Perdida!
e a mãe compreende: - Coitada...
A noite traz a querência
no fundo gemer na gaita
doendo no coração.
O impossível perdão,
o andando que não desanda,
Rosa plena machucada
morrendo de mão em mão.