Aparício Silva Rillo
Aponta uma carreta na distância
rincha que rincha no silêncio grande
que reponta ao passito,
Para o pouso da noite,
a culatra cansada da tropa do dia.
O sol
o velho taura do infinito –
tropeçando na última rodilha
do doze-braças das horas
que o Tempo maneja bem,
se plancha por detrás de uma coxilha
e se afunda no além.
Só de maula, no mais, por desacato,
deixa seu velho lenço maragato
coloreando no céu.
Furando a poeira
que a bulha dos cascos levanta do chão,
a velha carreta, andarenga e pesada,
rumbeia pro lado e fugindo da estrada
faz alto ao abrigo de um salso-chorão.
O carreteiro vai largando os bois...
e os animais pacientes, dois a dois,
- costume velho aprendido na canga -
adentram lentamente pela sanga,
assustando um socó.
Ao lado dos parceiros de jornada,
refrescam a garganta que vinha incendiada,
pastosa de baba e grudenta de pó.
Invejosa da estrela de gravetos
que o carreteiro acendeu,
a estrela boieira se ilumina
e à feição de uma enorme lamparina
fica luzindo no céu...