CUIA
Apparício Silva Rillo
Cuia morena queimada
confeccionada a lo bruto,
rude cálice matuto
de amarguentas comunhões;
na tradição campechana
serves o vinho que irmana
dono de estância e peões.
Velho utensílio crioulo
da utilidade nativa,
que misturando saliva
no ritual dos chimarrões,
estarrece gente estranha
que não sabe que a campanha
não conhece convenções.
Quando em teu bojo recebes
a erva pro chimarrão,
e da tua carnação
verde o sangue se desata,
me entristeço, imaginando,
que és um coração sangrando
por uma artéria de prata!