PIÁ
Antônio Augusto Fagundes
Senhores, eu sou um piá
Ou melhor um gauchito
Não tenho medo de grito
Nem de luz de boitatá
De bombacha ou chiripá
Com meu lenço no pescoço
Podem dizer que sou grosso
As meninas da cidade
Quando o bem é a outra
verdade
Eu sou o Rio Grande moço.
Vou estudar e crescer
Amanhã vou ser doutor
Mas sempre vou Ter amor
Ao chão que me viu nascer
Gaúcho, eu hei de morrer
Pois nasci predestinado
E se não estou enganado
O pago já renasceu
Porque tem
miles como eu
Em cada canto do estado.
Eu não quero discoteque
Nem dançar o último tango
Só quero entrar num fandango
Aonde não dança moleque
E nem tem samba de breque
Por mais que eu de um
jeitinho
Que me tire do caminho
Nem que me pinte de ouro
Pra mim dança de namoro
É o nosso velho pezinho.
Eu sou o Rio Grande novo
Mas amo o Rio Grande antigo
Que por ele eu até brigo
Para honrar o nosso povo
Sou pinto que sai do ovo
Já sabendo aonde vai
Peleia, firme e não cai
Por honrar a tradição
Eu sou a continuação
Do meu avô e do meu pai.