X GALINHA

Antônio Augusto Ferreira

 

A Kombi do cachorrão

taí e é minha,

quando o patrão

vendeu o gado que tinha,

foi junto minha pontinha.

Me deu uns trocos

pra comprar a condução.

 

Vim pra cidade

pra casa do meu compadre,

por uns dias.

Mas só estava a comadre,

mais as crias.

Parece

que o compadre andou carneando

e o dono deu parte.

Mataro o dono

e o compadre capou o gato,

dizem que apagaram ele

nalguma costa de mato.

 

Mas olha o X galinha

minha gente,

X dog, X cebolinha.

 

Daqui a pouco eu falo

da vizinha.

 

Vem de volta esse borracho

pro cachorrão.

- aceita cartão Visa?

- Ladronde tu conseguiu?

Vai saindo de fininho

que te dou uma pisa.

- Vai pra puta que pariu.

Aí faço um contrato com meu relho

dependurado na porta.

- Vai te embora guampa torta.

 

Chega um brigada

C’uma mulata.

Quanto sai um X galinha?

Vende cigarro picado?

O milico palmeia

o recavém da mulata

e ela mia,

o milico palmeia

e ela mia,

palmeia e mia.

Quanto mais a pipa pinga

mais o pinto pia.

 

Mas olha o X galinha

minha gente,

X dog, X cebolinha.

 

Daqui a pouco eu falo

da vizinha.

 

A noite no cachorrão

promete,

Dá uma canha com limão,

diz alguém de bafo quente.

Come um cachorro,

tu já tá de olho quadrado,

e a borracharia

é aí do lado.

 

Me ajeitei na casa da comadre

por uns dias

até que volte o compadre.

Vem cá, minha nega

enquanto ele não chega,

eu não sou de ferro

e tu é de manteiga.

A porqueira

é a cama ringideira,

Nhec, nhec

vai acordar os moleques.

 

Mas olha o X galinha

minha gente.

Agora eu falo da vizinha.

 

Eu cuido meu cachorrão

como cuido da vizinha

espio em riba da cerca

pra ver com que roupa vinha,

tomava banho de lua

só com a roupa que não tinha.

Caramba,

eu fui criado no fervo,

mesmo assim dava no nervo

o cachorrão da vizinha.

 

Mas olha o X galinha

minha gente!

X dog, X cebolinha!