Preciso descobrir qual o teu
jeito,
Eu tenho de saber onde é que
andas
A cada instante que te vejo
Já que tanto te mudas sem
aviso.
De repente estás aqui, olhos
acesos,
Para viver o amor como quem
morre,
A vida transfugando
pela boca,
E logo, logo, voando por ai
Neste sai e retorna a cada dia
Sempre diferente e sempre a
mesma
Para a surpresa do amor em
sobressalto.
Como não sofrer da
insegurança
De nunca ter certeza de tua
ama
Misturada na minha,
confundida?
Essa andorinha não vive em
cativeiro
E aprisionada não canta.
Mas e eu, pobre de mim, como
é que fico
Instável desse amor sem
garantias
Que tanto me emociona
E tanto me amedronta?
Assim, toma cuidado
Ao me falares de modo
diferente,
Com pouco ardor e menos
gravidade,
Ao me abraçares de alma destraida.
Dá-me um aviso antes,
Um sinal qualquer que me
previna,
Que eu sou sensitivo pra
paixão.
No fundo, eu adivinho o que
se passa
Mas é muito difícil contornar
Essas distâncias que abres
sem notar.
É que tu carregas muito
mundo,
Teu universo é tão imenso
Que nem sei como o suportas
E há momentos em que estás
tão dentro dele
Que não me vês
E eu sempre ando tão perto.
E aí que eu sofro essas
angústias,
A crise de vazio que me
acomete
E um medo, que já imotivado,
Mas que teima em vir
atordoar-me
E povoar de fantasmas minha
insônia.
A mim,
Não resta mais do que
encolher-me
À espera do milagre
Das vezes em que chegas como
um vento
E me queimas
a boca com teu fogo,
E te enroscas em mim
Sem perguntar se gosto tanto
e tanto.
Daí me
despes
E me fazes amor
Aos golpes de paixão.
Depois, a tua boca desbotada
Ronrona umas palavras inaudíveis
E então te aninhas num
colchão de nuvens
E partes por um sonho de
alamedas
Quase sorrindo.
Aí é que eu libero essas
pandorgas
Que fazem o meu céu mais
colorido
E é aí que invento de viver
Mais uma vez.