Tortura
Alceu Wamosy
Que triste é ser-se assim,
forte e descrente!
Não ter o alívio das consolações
Que vêm do pranto bom, do pranto ardente,
E do bálsamo ideal das orações!
Não poder ser igual a toda
gente!
Trazer o coração, dos corações
Dos outros seres todos, diferente:
Viúvo de crenças, erno de ilusões!
E, nas horas amargas de
descrença,
Quando a procela da alma ulula e cresce,
Como um terrível furacão que passa,
Ante a explosão de desespero
tanto,
A boca ter fechada a prece,
Ter os olhos rebeldes para o pranto!...