RANCHO VAZIO
Albeni Carmo de Oliveira
Ainda ontem xirua,
Quando vi teu rancho vazio,
Era verão, senti frio
Pois me faltou teu calor,
Então senti o pavor
O medo de ficar sozinho
De não ter mais teu carinho
E calou-se o trovador.
Não vi roupas nos varais
Nem o teu gato Mimi.
Tão vazio vi tudo ali
E tive ganas de gritar,
Pois eu queria enxergar
O teu sorriso criança,
Que me dá tanta confiança
Ó deusa do
meu cantar.
O teu rancho xirua,
É uma fortaleza.
Mas sem a tua beleza
Pareceu-me tão pequeno,
Sem teu rosto moreno
As flores murcharam,
E não desabrocharam
Cobertas pelo sereno.
Olhei as janelas
Não via as cortinas
E minhas retinas
Fitaram o infinito,
Saí despacito
Sozinho a vagar,
Procurando encontrar
O teu rosto bonito.
Olhei quem passava
Mas não te encontrei,
E sozinho eu fiquei
Na manhã de verão,
O meu coração
bateu tão dolente,
Me senti tão carente
De afeto e paixão.
Talvez em outros braços
Nem lembres de mim.
Mas eu sou assim
E assim vou ficar,
Vou sempre esperar
A morena trigueira,
Minha musa campeira
Que vivo a cantar.