MINHA BIOGRAFIA

Albeni Carmo de Oliveira

 

Nesta minha vida gaudéria

Andei por muitas querências,

Sorvi tragos de existência

Nos lugares que passei.

Muitos amigos deixei

Espalhados por aí,

E nas andanças aprendi

Muito do que hoje eu sei.

 

Nasci na encosta de um cerro

Pros lados de São Vicente,

E desde que me conheço por gente

Que procuro andar direito

Já fiz do campo meu leito

E de coberta o luar,

E chegue onde chegar

Trato a todos com respeito.

 

Minha mãe, a Dona Santa.

Meu pai o Seu Salvador.

Me ensinaram o valor

De ser honesto e ordeiro,

Pois não é só com dinheiro

Que se tem a felicidade.

Vale muito uma amizade

Na hora do desespero.

 

Gosto muito de crianças

Por serem uma esperança.

Sou contra ódio ou vingança

Inveja ou falsidade,

E a cavalo na verdade

Cavalgo de peito aberto

Dou razão a quem é certo

Vivo assim sem ter maldade.

 

Tenho medo das injustiças

Que muitos valores consomem.

Nunca vi o tal lobisomem

Boitatá ou coisa assim,

E o que fazem por mim

Retribuo com carinho

Sigo em frente meu caminho

Por este mundo sem fim.

 

Acho lindo um ginete

No lombo de um redomão,

Gritando sem ir ao chão

Deixando o bicho domado.

P'ra me chegar não tem lado

É só chegar com respeito,

E trago dentro do peito

Orgulho do meu Estado.

 

Não gosto muito de brigas,

Mas não me assusto de peleias,

E se vejo a coisa feia

Procuro sair folgado,

Pois nunca fui assustado

E nunca corri de valente,

Quando não passo de frente

Quadro o corpo e vou de lado.

 

Por ser assim meus amigos,

Não ligo p'ra preconceito

Com chinoca tenho jeito

Nas carreiradas do amor.

Se me saio vencedor

Sei cobrar o merecido

Mas também se sou vencido,

Sei dar o justo valor.

 

Nunca gostei de arruaças

Nem de dançar de carancho,

Gosto de bailes de rancho

Com uma gaita de botão,

Pois conservo a tradição

Que herdei dos antepassados

E onde eu tenho chegado

Eu deixo recordação.

 

Admiro o patrão

Que dá valor ao empregado.

P'ra defender meu Estado

Eu luto alegre e contente,

E por ser de São Vicente

Sou simples e não tenho luxo,

Mas morro queimando cartucho

P'ra defender nossa gente.

 

E agora p'ra arrematar

Deixo a minha saudação,

Sincera e com emoção

Para vocês eu escrevi

Se de algo me esqueci

O coração não esquece,

E p'ra quem não me conhece

Eu me chamo Albeni.