ACAMPAMENTO GAÚCHO
Albeni Carmo de Oliveira
Acampamento gaúcho
Assembléia improvisada,
É reunião da peonada
No culto da tradição.
E junto ao fogo de chão
Entre trova e poesia,
Vai a noite, vem o dia
"Dele" canha e
chimarrão,
Todos ali são irmãos
Vivendo a mesma alegria.
Ali tudo é liberdade
P'ra se dizer o que sente.
É o passado e o presente
Da nobre raça caudilha,
É a centelha Farroupilha
Que se aviva no Estado,
Ali o cru
e o letrado
Revivem tempos de glória
Das lutas e das vitórias,
Do Branco e do Colorado.
Acampamento gaúcho
Que mais parece um Quartel.
Onde peão é Coronel
Sem farda ou galardão,
Mas que expõe a razão
Da sua xucra procedência
Deste amor pela querência
Que um dia lhe viu nascer,
E que aprendeu a defender
Até o fim da existência.
Por isso um acampamento
Sempre é bem divertido,
E os problemas discutidos
Sempre tem uma razão:
É a defesa de um chão
Das tradições de uma gente.
Ali se planta a semente
De união e fraternidade,
Se une o campo e a cidade
Cantando o que a alma sente.
Por isso é que eu imagino:
Se um dia todo o meu pago
Comungasse o meu afago
De uma roda chimarrona,
Ao som do violão e cordeona
Sem preconceito e sem luxo,
Somente mostrando o repuxo
De um Estado, de uma gente,
E todos cantassem contentes
Num ACAMPAMENTO GAÚCHO.