LANTERNA DE VAGALUMES
Adão Quevedo
Eu brincava de
lanterna
de vidro, com vaga-lumes.
Eu embretava as
estrelas
num cavalinho
de pau,
me sentia dona
delas,
no universo do quintal.
Ah... meu Deus, que bom seria
se eu não tivesse crescido
e as asas da fantasia
voassem sempre comigo.
Uma menina e sua boneca
brincando de
ser feliz,
com gemada na
caneca
e na ponta do nariz.
Franja,
maria-chiquinha
e um vestidinho
de chita,
pulando
amarelinha,
encaçapando “bulita”.
São dessas
artes, eternas,
que a infância guarda o perfume.
Eu brincava de
lanterna
de vidro, com vaga-lumes.
Nestas noites, sem limites,
indagava, ante
o breu,
quantas
estrelas existem
no infinito do
céu?
Quanta emoção
me cabe,
na moldura da
lembrança,
quando acende
uma saudade
desses luzeiros da infância?
Minha alma
ficou lá
neste universo
só meu,
que dava pra
iluminar
com lanterninhas de Deus.
A menina foi
tão breve,
a moça se
refugia,
quando
brincando se atreve
acender-se de poesia.
A lua vem pros
meus olhos,
cheia de
estrelas tão alvas...
Os versos que
me dão colo,
São as lanternas da alma.