HERANÇA DE
UM PIÁ
Jadir
Oliveira
Olhando o rancho tapera com o
semblante já puído
O telhado esburacado e o oitão quase
caído.
Fiquei parado em silêncio ao lembrar
porque eu vim
Pra ver de perto as histórias que o
vovô contou pra mim.
Me falava do petiço que domou quando
era piá
Que o tempo passa
mas tudo permanece a onde está.
O rancho permanecia como ele me
relatou
Seus avios e seus aperos
no lugar que ele deixou.
Que pena o velho petiço não estava
mais alí
Nem meu avô não estava só meu sonho de
guri.
Sonho que hoje realizo ao reviver tua
história
Visitando o velho rancho em honra a
tua memória.
Entrei na sala pequena com uma janela
pra o sul
Uma vidraça quebrada sob o mesmo céu
azul.
Uma talha feita de barro sobre a mesa
da cozinha
Onde guardava água fresca vinda lá da
cacimbinha.
Envolta em teias de aranhas num canto
cheia de pó
A máquina de costura usada pela vovó.
Um rádio antigo e judiado que nem
pilha mais não tem
Que se quedou em silêncio como meu avô
também.
Uma canga pendurada com um canzil já
quebrado
Refletindo no presente as agruras do
passado.
Que herança de valor que hoje recebo
de ti
Junto com esta saudade por não estares
aqui.
Que Deus te guarde vovô tua história
não tem fim
Permanece na lembrança que habita
dentro de mim.
Quem sabe um dia no tempo depois de
tudo que andar
Ao menos um neto repasse as histórias
que eu contar.