REFLEXÃO
Claudionir Araújo
Bastos
Hoje o planeta acordou,
numa estranha inquietação,
um inimigo invisível
chegou de arma na mão
e sem distinção nem piedade
avassalou a humanidade
de tristeza e comoção.
O mundo despreparado
custou um pouco a reagir
mas só se vence uma guerra
lutando ao invés de fugir
e dentro deste preceito
a gente sempre acha um jeito
pra o inimigo cair.
E foi o que aconteceu
nessa hora de aflição,
países que estavam em guerra
puseram as armas no chão
e um canto de louvor,
de igualdade e de amor,
brotou em cada coração.
Já nos primeiros combates
nessa batalha campal
o inimigo atacou
numa luta desigual,
mas nosso povo com calma,
usou sua única arma,
o isolamento social.
Eu também peguei a china
e me arrinconei no galpão,
não por falta de coragem
mas por pura precaução;
De quem já viu uma guerra
estremecer esta terra,
jogando irmão contra irmão.
Então eu fiquei pensando,
enquanto mateava solito
porque será que Deus mandou
esse inimigo maldito?
Talvez pra lembrar seus filhos
que teimam em sair dos trilhos
esquecendo o que está escrito.
Ou quem sabe é o próprio
homem,
no seu destino proscrito,
que comete insanidades
pensando que está solito,
só o que lhe importa persiste
esquecendo que há limites
até pra seu livre arbítrio.
Não pensam nos desvalidos,
os deserdados da sorte,
que vivem sobre as marquises
vagando de Sul a Norte,
por eles faço minha prece
e se Deus achar que merecem
que os proteja da morte.
É só o que venho fazendo
na minha reflexão,
tenho setenta e três anos
e só me arrisco até o portão,
com um prato de comida
pra os que campeiam na vida
um pouco de compaixão.
Já vivemos muitas guerras,
mas acho que está é pior,
por isso vamos guardar
mais essa lição de cor
reavaliar os sentimentos,
mudar de comportamento,
e fazer um mundo melhor.