A TRÍADE PAMPA DOS PASSOS PERDIDOS

Rodrigo Borges Bueno

 

Existem três cruzes no alto do morro

Assim como as fases da vida do peão

Existem três passos que buscam caminhos

Em mil pergaminhos de fé e razão.

 

Três vezes bateram na porta do taura

E outras três vezes o Mestre caiu

Trinômio dos livres na flâmula guapa

Herança Farrapa de honra e de brio.

 

Mateio solito com meus pensamentos

Revejo os eventos das três partições

Trindade sagrada e gaúcha na essência

Bendiz a querência ao redor dos fogões.

 

Três Graus e Três Luzes adornam meu rancho

Sinais e Palavras ao Toque da mão

Assaz ementário de um índio paisano

Revela o profano com força e união.

 

Três Reis encontraram o menino em Belém

Três vezes negaram a Nosso Senhor

Tridente de dor para os condenados

Três vezes sagrado o Altar do Amor.

 

Espada, Cruz e Templário...na velha Jerusalém

Trinômio que vai além da fé do meu coração

Telúrica tradição da sacrossanta esperança

Na virtude que avança em fraterna comunhão.

 

E o pobre gaúcho perdido na pampa?

Na toca ou na campa é um reles mortal

Não tem cabedal aos trajes roídos

Só passos perdidos na luta final.

 

Três anos passaram na vida do irmão

Bestial galardão por mera constância

Eleva a instância por merecimento

Aplaca o tormento pela vigilância.

 

Tríade Pampa dos Passos Perdidos

Os anjos caídos destinam a missão

Na minha oração gaudéria em essência

Eu peço clemência buscando o perdão!

 

O Delta Sagrado...três lados iguais

Não cega jamais do olho a visão

Tenaz construção com nível e prumo

Esquadro meu rumo, gaúcha emoção.

 

Retumba no tempo de um elo perdido

Um grito sentido no meu parador

Mistério e valor, no Muro os lamentos

E a Rosa dos Ventos aponta o amor.

 

O temário do Verbo marcando o início

Loquaz sacrifício no altar nos abala

A própria Cabala e o saber impoluto

É o Absoluto silêncio que cala.

 

No Gólgota haviam três cruzes

No terço das luzes Ele ressuscitou

Ao povo mostrou Caminho e Verdade

Mas a Cristandade soberba ficou.

 

Três Pirâmides adornam o deserto do Egito

Três enigmas erguidos no pó da Antiguidade

Três batidas...três idades...os três Anjos de Abraão

E o Templo de Salomão constituído em três partes.

 

E o que restará de mim, caminhante peregrino

Sepultar meu figurino de errante a gauderiar?

Quem sabe um dia contar três dias de escuridão

Ou perder toda a razão na sina louca de andar.

 

Busquei na Filosofia as respostas para a dor

Andejo e provocador, velha sina de gaudério

Por ser gaúcho o mistério sem trevas do mero ser

Nasci e hei de morrer no xucrismo ministério.

 

Passos perdidos na pampa, num ideal legendário

Três Pátrias no imaginário de uma terra que se expande

Como um filho do Rio Grande, herdeiro da rebeldia

Vai junto a Maçonaria em qualquer lugar que eu ande.