PELO OLHAR DE UM DOMADOR
Maximiliano Alves de Moraes
O coração tem porteiras,
e uma delas, e a visão!
A vida é feita de imagens,
e há algumas paisagens.
que tocam o coração!
Foi numa manhã de inverno,
das de geada preguiçosa,
o frio alongav a a prosa
e o choro alongou o galpão,
pulava a cerca pra vida...
Mais um
gaudério fronteiro,
fruto do amor matreiro,
da negrinha e do mulato.
Depois do festo natal
ventou a desoIação,
pois o negrinho nascentem
veio ao mundo sem visão.
era menos uma porteira,
pra estrada do coração!
Cresceu no fiador da vida,
um piá de
casa e galpão,
alma e sonho mergulhavam
no mundo cor de carvão!
Noutra costa da fronteira
o manto do céu cobria...
Uma cena de outra cor
um aporreado cebruno,
sentia o dente da espora,
do Benício Domador!
Índio de fama e coragem,
campeiro aos quatro costados
costerador de mal
domado,
só no conselho da puas.
Um gaudério de alma nua,
nunca temeu caborteiro,
e só sacava os ponteiros,
para os olhares da lua.
Quando estendia o olhar,
na pampa, aberta, estendida,
parece até enxergar...
...O que havia além da vida!
E pelos olhos estrelos,
passavam niiles façanhas,
entre pecados e feitos,
deixavam-lhe satisfeito,
os retratos da campanha!
Sentiu "os ferro" o sebruno,
se dobrou pegando a volta.
Com um carrapato ao lutar,
o maula que é mais malino,
se não derruba na volta,
vem de lombo pra apertar.
Benicio sempre saia...
Mas há
o dia da alegria,
e também o da tristeza,
a boleada foi de
morte,
e talvez faltasse a sorte,
Pois não faltava destreza!
E na dor da perda bruta,
daqueles que com Benício,
ajoujavam coração,
decidiram doar a vida,
um par de esporas benzidas,
e uma junta de visão!
Em outra beira do céu,
da fronteira do Rio Grande,
um negrinho, já taludo,
ganhava visão do mundo,
com os olhos do domador!
Bendita ciência!
Bendita bondade!
Se abriam porteira,
para a felicidade!