Tropeada Celeste

Maria Luiza César


Lá na linha do horizonte
Surge a tropeira da ponta
Em pêlo nas nuvens monta
Pra dar início ao reponte
Dessas almas “caborteras
Que bandearam pro infinito
Virando tropas de estrelas
Que vão rumo ao patrãozito

São em noites de lua nova
Que enxergamos a tropeada
Basta dar uma bombeada
Para o céu que se repova
Vendo o lume da ponteira
Rumando para o oeste
Abrindo cancha faceira
Para o rebanho celeste

Esconde a lua prateada
Para os lados do poente
Ficam estrelas cadentes
Rondando na madrugada
Zelando a santa tropilha
Aguardando o amanhecer
Pra recolher suas encilhas
Quando a culatra aparecer

Então findando a jornada
Despontam os dois tropeiros
D ́alva e Sol de culatreiros
Vem fazendo a alvorada
Com a tropilha já entregue
Nenhuma estrela perdida
Seu rumo cada um segue
Com ar de missão cumprida