Os Luzeiros do Povoado

Maria Luiza César

 

Quando vai caindo a tarde
Eu olho para o horizonte
Vejo o Sol sumindo aos poucos
Lá por trás daqueles montes
Encerrando mais um dia
Findando mais um reponte

É assim que a noite desce
E a pampa se transforma
Os cerros que eu avistava
Pouco a pouco perdem a forma
E assim surge a solidão
Que há muito me inconforma

Por isso sento sozinha
Em meio à escuridão
Vendo luzeiros que brilham
Se perdem na imensidão
São as casas do povoado
Onde está meu coração

Entre todas essas casas
Numa delas tu habitas
Por isso ao ver as luzes
A alegria é infinita
Por não saber qual é a tua
Todas me soam bonitas

Vejo então que a distância
Não é tão grande assim
Só há cercas e banhados
E talvez algum jardim
Nesses pouquinhos quilômetros
Que te separam de mim

Mesmo curta a distância
Parece se agigantar
O banhadal é traiçoeiro
Quem pisa pode atolar
E o alambrado que é estreito
Não permite atravessar

Mas quem sabe algum dia
O atoleiro dê o cruzada
E as cercas caiam por terra
Permitindo tua passada
E venhas buscar o abraço
Que aguarda tua chegada

Porém enquanto não chega
Esse dia tão sonhado
Vou seguindo minha vida
De coração apertado
Mas sempre me consolando
Vendo as luzes do povoado