Ao Infinito e Além

Maria Luiza César

 

Desde invernos passados
Eu vinha “te namorando
Em segredo dedicando
Para ti todos meus versos
Mas com sentimento imerso
Só de longe te espiando

“Inda” lembro aquele dia
Que chegaste em meu rincão
Simples, com chapéu na mão
Sem causar um reboliço
Só me pediu o permisso
E levou meu coração

Desde então quando te via
Parava junto à janela
Debruçada sobre ela
Suspirando de amor
Mirando no corredor
A criatura mais bela

Te via puxando o fole
Fazendo aquele gaitaço
Pensava “mas que lindaço!”
Quisera ser esta gaita
Para estar com este taita
Faceira entre seus braços

Vez por outra te abanava
Quando te via passando
Talvez tivesse esperando
Que notasses meu carinho
Mas cruzavas de mansinho
Não me vias acenando

Mas eu sou de bem com a vida
Coisa pouca não me afronta
Pois se o destino a reponta
E Deus pai é meu amigo
Trago a certeza comigo
Que o que for meu, vem por conta

E assim foi dito e feito
Numa tarde de verão
Tu paraste no portão
Convidando para uns mates
E este foi o arremate
Que pealou meu coração


Assim esperei uns dias
Pra não mostrar a ansiedade
Muito menos a vontade
Que eu trazia muito tempo
De soltar o cabelo ao vento
Rumo à felicidade

Assim num final de tarde
Eu cheguei no teu ranchito
Estava ali o gaúchito
Que sonhei desde guria
Que aqueceu a geada fria
Do meu coração solito

Entre mate e prosa buena
Ao ver teus olhos brilhando
Mais ia me apaixonando
Reforçando minha certeza
Tinha naquela pureza
Almas se reencontrando

Hoje vivemos juntinhos
Dividindo o mesmo teto
Partilhando deste afeto
Que só aumentou no trilho
Deixando exemplo aos filhos
E legado para os netos

Coisa boa é provar
Um sentimento profundo
Daqueles que cala fundo
Espero que me entenda
Hoje eu me sinto a prenda
Mais feliz do sul do mundo

Um amor como o nosso
Recíproco, que faz bem
Desejo a todo alguém
Que encontre um vivente
Que te ame hoje e sempre
Ao infinito e além