CANTO DE AMOR AOS VERSOS

(Em memória de Vilma Ramos)

Fernando Araujo

 


O vento

soprava forte

pelas frestas do galpão.

Ao pé do fogo-de-chão

o dedilhar das cordas de uma guitarra

enche o vazio da sala

com suaves melodias

de timbre campeiro...

 

A saudade galopa

pelos recuerdos da memória

trazendo nítidas imagens,

como se o tempo

voltasse num repente,

recitando cantos de amor

aos versos.

 

Lá estava ela,

estampa, gestos e

voz de poeta.

Coração de menina,

e alma de anjo.

 

Não se sustentava de vitórias

nem tão pouco importava

a disputa.

O seu prazer era os versos

galponeiros

ditos em qualquer lugar,

não importando as dificuldades

de distância

ou do tempo.

 

Sim,

amava os versos

e isso ela dizia em qualquer lugar,

para qualquer pessoa...

 

Seu vício por versos

superava barreiras

como quem vence

uma batalha.

Para ela não havia cansaço,

porque era forte,

porque era guapa,

e honrava este chão!

 

A emoção que colocava

em seus versos

deixou a sua marca

pelos galpões do pago.

 

Hoje depois que ela se foi

para a Querência Eterna

muitos amigos ainda lembram dela,

de sua amizade,

de sua simplicidade,

e de sua maneira de ser.

 

Chinoca!

Aí onde te encontras

a declamar para os anjos,

olhe para baixo

e faça de nossa voz

seqüências de tua inspiração.

 

Para que possamos

cantar em versos

o teu amor pelo Rio Grande,

e assim,

termos a certeza

que és imortal

por entre as rimas

de galpão.