Chimarrão

Vargas Neto

Chimarrão!
Desculpa boa pra eu apertar os dedos da chinoca,
quando, horas a fio,
ela me alcança esse amargo, que é tão doce!

Companheiro do rancho e do crioulo,
esquecimento e prazer!
Vício que é remédio do companheiro...
amargo que derrete as amarguras...
meu amigo também!

Ele é a canha,
quando a solidão fez o gaiteiro,
inventaram o índio vago e o desafio,
Hoje é o melhor protetor dos amores do pago...
Quanto beijo transmite sem querer!

Quando ela toma um gole antes de mim,
e deixa a boca como uma flor colorada
na haste branca da bomba
e fica assim... sem dizer nada...
Depois, que mate bom!

Cada trago teu que eu vou sorvendo,
parece que me cai na alma,
me lavando as mágoas,
me adoçando as penas,
mate amargo!