CAMPEIRO

Valdorion Kleim

 

Hoje, antes de o dia clarear,
Dei de mão num bucal,
Daqueles de agüentar bagual
Solto no pasto ou dentro da mangueira
Um tordilho ou um gateado de primeira
Adestrado bem do meu jeito
Pra lida ou passeio de prenda faceira

 

Amarrei o potro perto dos arreios
Ali junto do galpão
Primeiro, recebeu o enxergão,
Na espera do carona e do serigote
Depois a chincha de argola de couro forte,
Aguardava coxonilho, pelego, a badana,
Sobre-cincha, peitoral e o rabicho sob a pestana,
O freio, as rédeas, cabresto e buçalete.

 

Quando vou cruzar o pago,
Levo a mala-de-poncho e a de garupa.
Sem esquecer a velha guampa,
Que refresca, aquece ou cura.
E a meia guampa pra água pura.
Uma cambona depindurada,
Pra matear de madrugada,
Antes dum feijão tropeiro com mistura

 

Quando me vou pra lida,
Sempre levo o tirador,
Tenho fama de bom domador.
Também de ser muito campeiro,
Me apego ao negrinho do pastoreio
Se algum gado se extravia
Também uso as três Marias,
No meu modo tarimbeiro.

 

Quando vou ver a prenda distante,
Levo também uma bota lustrada,
E uma pilcha bem arrumada
Quero chegar atirando o freio,
A estrada é só um passeio,
Pra este gaúcho payador,
Que vai rever o seu amor,
E dançar um sapateio.