CHINITA

Ubirajara Raffo Constant

 

Chinita lavando roupa

No empedrado da restinga;

A água passa, resinga,

Querendo tanto ficar...

Chinita entoa cantigas

E “dele-dele” lavar.

 

A pampa se espreguiça

Recostada no mormaço;

Um ventito muito escasso

Mal retoca o santa-fé;

Bezourinho jaguané

Vem chupetear água pura

No cálice de brancura

Da branca flor do aguapé.

 

Vão madrugando lembranças

Que agitam seu coração;

Chinita suspira paixão

Entre o canto e o lavar;

Que fazer para João notar

Seus anseios, seu amor...

Lembrando o peão domador

Chinita fica a sonhar.

 

Salinha de rancho pampa...

Adorno em vasinho branco

Junto com malva do campo

A flor do manjericão;

Quintal, forninho de barro,

Cheirinho novo de pão...

Ai!...ranchito, um lar campeiro,

Para ela e o moço peão.