AVÔ CAMPEIRO

Ubirajara Raffo Constant

 

Bigode branco retorcido e largo

Amarelado de palheiro e tempo

De ti lembro, meu avô campeiro,

Cerne angiqueiro grudado a raiz;

De rusilhonas, esporas lavradas,

Dois panos largos de bombacha griz.

 

Quando encilhavas, bem quebrado o cacho,

Se atiçava meu olhar guri;

E chuleando à tua estampa

A própria pampa eu enxergava em ti.

 

E o teu mouro, que ao bancar das rédeas

Ao teu entono se quedava igual,

Abaralhando aos floreios da coscoja

Me parecia ter o freio musical.

 

Avô camapeiro dos conselhos buenos,

Do meu petiço e do meu pão de mel...

Para mim tu fostes, meu avô campeiro,

Mescla de rei e de Papai Noel.