ROMANCE DA MINHA LIDA

(Sergio Saretto)

 

Cavalo sogueiro no aguarde
busquei no ceu nazarena
clareava o rancho pra vida
no chão crispava a chilena
chamei o Juca no catre
te bote c´ossos de ponta
te acorda que a vida é buena
que o sono não paga tuas conta.

 

Busquei o eguedo a mangaço
não gosto de grita bem cedo
Fumaça sobe do galpão
Deve ser o velho Robledo
mate quente e o dia clareando
são coisas que bem conheço
Pois todo dia pra lida
começa quando amanheço.

 

Sempre e bom lavar a cara
tirar o freio antes do mate
se chegar junto ao fogão
algum assado pro arremate
prosa ligeira como carreira
seo Robledo esta chamando
Ja reparte a eguada
e a peonada vai encilhando.

 

Pé no estrivo frente alerta
meu cusquinho ta faceiro
vou apertando o barbicacho
vou quebrando me sombrero
de pachola ja esbarro
pra testar este marungo
bem montado pra o serviço
busque o gado la no fundo!

 

Lida bruta a do campeiro
mas que faço assim com gosto
sou o rei desta planura
sentindo o vento no rosto
a serraçao vai sumindo
vai mostrando o Cerro Branco
vem mugindo o gado pampa
nos encontros do lunanco.

 

Ficou lunanco este baio
da mordida do cuiudo
mas ja ta bueno pro serviço
no campo é o meu escudo
não facilito com estes morrudos
mesmo que seja sem guampa
pois no campo se aprende
que o perigo não ta na estampa.

 

Na estancia do Cerro branco
vou deixando o meu legado
alguns cavalos bem mansos
algumas cabeça de gado
pro piazinho pachola
que me pede pra encilhar
parece que é meu retrato
é igual até no caminhar.

 

Assim retrato minha lida
sem enjeitar parada
ao paisano que ta escutando
se me encontrar pela estrada
va reparando que baio
boa encilha e cola atada
as pilchas são estas gaudérias
e a parcería é botada.