UM QUADRO DE AMOR À BRIGADA DO RIO GRANDE

Sebastião T. Corrêa

 

Há um busto vivo, de bronze,

Harmonizado na praça,

Que é peça da arquitetura

Onde os traços da escultura

Mostram a rudez do trabalho...

 

O verde da vestimenta

Contrasta o frio das calçadas;

O porte altivo e garboso

Dá-lhe o perfil majestoso

De um tronco bem falquejado.

 

Melena sempre aparada

Pra os desenleios da lida;

Quem escolheu nesta vida

Velar a vida dos outros,

Por certo, sem domar potros.

 

Bem conheço os sofrenaços:

Manter as regras sociais

Que as vezes não são tão justas,

O dever cobra-lhe as custas,

E a sorte regra-lhe os passos...

 

É bem mais que uma legenda;

-É um soldado da Brigada!

A corporação fardada

Que o Rio Grande instituiu;

 

A própria história se funde

Ao coração brigadiano

E ao Estado soberano,

Onde a brigada surgiu.

 

Pra mais de um século e meio...

Foi num tempo em que a querência

Vivia na efervescência

Da Revolta Farroupilha;

 

Por isso, talvez, o garbo,

Que ostenta a farda, o soldado,

Pois, estando dentro dela,

Se sente na sentinela!

 

É pena que a sociedade

Nem sempre entenda as razões,

E transfira obrigações,

A quem não tem o dever;

 

Faz questão de não saber

Que um homem ou uma mulher,

Antes de ser um soldado,

É um irmão, que ao nosso lado,

Sofre as mesmas injustiças

De quem nasce e morre pobre,

Pois não vem de berço nobre

Quem tem alma de polícia.

 

O soldado míngua no bolso,

-É pouco pra os compromissos;

E, nem tampouco por isso,

Descumpre seu juramento.

 

Forjado no sofrimento,

Se aceita e se dá o respeito,

Enfrentando o preconceito

Na luta por moradia,

Escola e cidadania,

Que é de todos, por direito!

 

Há uma dívida social

Ainda a ser resgatada,

Pois, que há de ser a Brigada,

Muito mais reconhecida.

 

As forças vivas, o estado,

Cada um de nós, afinal,

Se quisermos o equilíbrio,

Com justiça e segurança,

Precisamos ter confiança,

E apoiar o policial.

 

Sei que, se um dia o Rio Grande,

Passar por horas amargas,

Há um pelotão de “Abas-largas”

Com o pé, de pronto no estribo.

 

E, também se for por isso,

Missões de fraternidade,

Com a mesma dignidade

Que o soldado traz na estampa,

Há de espalhar pela pampa

Lições de paz e amizade.

 

Peço ao patrão do universo

Que mande força e coragem,


Muita luz para a passagem

Deste milênio pro outro.

 

E o busto vivo, de bronze,

Que mais parece escultura,

Possa compor a figura

Dentro de um quadro talhado,

Tendo por centro, um soldado,

Com o Rio Grade por moldura!!!