TRIBUTO Á MEMÓRIA DO POETA

Sebastião Teixeira Corrêa

 

Quem disse que ele se foi por certo não

compreende que um poeta não se vai;

Apenas libera a alma pra ir buscar energia

e um dia poder voltar.

 

Quem disse que ele partiu, não tem noção

de existência.Não sabe sentir a essência contida nas

entrelinhas.

Dos versos que germinaram em cada semeadura,

Das sementes de ternura que o poeta semeou.

 

Quem disse que ele morreu,

Certamente não entende que o poeta é imortal.

Apenas sublima a vida num plano diferenciado.

De onde se vê tão pequenas as vaidades terrenas,

Que dá pena de enxerga-las

 

Quem enche a alma de poemas, extravasa sentimentos.

Pra os manancial de ternura que irrigam o coração.

 

Quem enche os sonhos de versos,

transborda amor nas palavras

pra o encontro de quem ama,

as coisas simples que a vida nos entrega

por regalo:

Um por de sol de setembro,

Um rancho de cão batido,

um campo largo, um gemido,

um laço, um cusco... Um cavalo.

 

Quando os olhos do poeta descortinam os horizontes,

Vislumbra por traz dos montes

As várzeas férteis que fazem o vigor das plantações,

E enxerga sóis de fartura na iminência das searas.

Para os potros de taquara, a galopar na querência.

Cavalgando a inocência da safra nova de peões.

 

Quando um poeta mergulha nas profundas águas calmas.

Que banha a sua alma como um bálsamo de paz.

Da vazão ás mágoas, que se vão junto com as águas.

Pra não voltarem Jamais!

 

A poesia continua...

Sob os ramos da figueira

A imagem retrata os sonhos

do paladino dos versos,

Um campeador de verdades,

um parceiraço de estouro,

pura cepa! “Marca Touro”

amigaço de valor!

Um constante peleador

n a defesa da cultura,

vida reta e alma pura,

vaqueano de truco e flor.

 

Quantas noites de bivaque,

reunindo a confraria,

abraçando a parceria,

ombreando Pátria e querência;

Buscando na convivência a união,

respeito e afeto.

Puro, tranqüilo, discreto,

desses que sabe o que diz;

Foi chamado de repente...

 

Quem sabe o quanto era urgente

cumprir o plano Divino,

 Era esse o seu destino,

que a sorte levou em frente...

 

Sei que a gente não entende, e,

ás vezes nem mesmo aceita,

Porém, é certo, os melhores,

têm sempre nobres missões,

e nos deixam mil lições,

que a gente sempre aproveita...

 

Estamos aqui, parceiro,

cantando a tua saudade,

os teus gestos de bondade

deixaram marcas em nós;

e haveremos de cantar

por muitas noites e dias,

sorvendo em cada poesia,

a seiva xucra da pampa,

Rememorando tua estampa

junto a um fogo de chão.

 

Na fraterna comunhão

de quem partilha o universo,

Em cada rima dos versos

que brotam do coração.

 

Então, parceiro, esta noite,

te entregamos, por tributo,

não, sentimentos de luto

por alguém que foi embora,

E, nem a dor de quem chora

tua ausência fraternal.

Mas o verso mais bagual

que a inspiração traz á mente.

 

Pra que Deus, Onipotente,

te conceda a graça santa

de abrires tua garganta

na estância celestial!