Espera

Salvador Fernando Lamberty

 

Ausência triste,  que existe... resiste!

Passa... passa... passa... desgraça!

Anda... anda... desanda... desbota

a lágrima que brota de um olhar.

 

O encontro, o reencontro, o desencontro,

espera... espera... desespera

O pensamento preso nalgum ponto.

 

A distância diz tanto e distingue

o sensor dos sentimentos que sente...

se a graça não grassa de graça

e o relógio do tempo, que passa,

não volta, nem solta... revolta!

 

Um sorriso no vazio e frio,

a noite tem garras, qual águias,

o escuro é escudo e escraviza

no silencio que escuta seus dialetos...

A espera é uma diva dadivosa

dos desejos, ansiedades e paixões,

senhora encarnada dos afetos.

 

Na dor que arrasa a razão

ninguém segura uma emoção

que percorre as veredas das lembranças.

Mas enquanto não se tem o que não vem

se rebusca forças bruscas, nessas buscas,

e a espera é uma fera que se amansa.

 

Ó que graça... que grassa... de graça!

Vida pregressa, que tem pressa, em se apagar.

Saudade é peso, que deixa preso o pensamento

que resiste e tanto insiste em machucar.

 

O amor e flor, fervor e é dor

que vela, revela e surpreende...

Canta, encanta e desencanta,

na voz do coração, que não se rende.

 

A espera é tempo vago, sem afago,

que, sozinho, tem-se espinhos... amargor...

Ficam chagas da ilusão, da busca em vão,

na mente algum doce imaginário,

quando os olhos vão buscar pelas estradas

a encomenda que lhe fez o coração.