Farroupilha

Paulo de Freitas Mendonça

 

Nós não louvamos a guerra

cantamos a hombridade,

a ânsia de liberdade

e o puro amor pela terra.

A guerra na paz se encerra

e o gaúcho se convence

que o país ao qual pertence

é a pátria grande, o Brasil,

mas temos nosso perfil

com orgulho rio-grandense.

 

 

Nós somos o Brasil sul

da união federativa,

temos a alma nativa

igual a do conesul.

Somos porta ao mercosul

para a nação brasileira.

Temos a alma guerreira

porque assim o país quis

sangramos pelo país

pra defender a fronteira

 

 

Não retalham nosso pala

isto já é evidente.

Somos povo diferente

no cantar, no ser, na fala.

Somos a estirpe baguala

forjada na valentia,

mas trazemos hoje em dia

mesmos traumas, mesmos carmas:

ontem pegamos nas armas

hoje fazemos poesia.

 

São séculos de abandono

preconceito e menosprezo

isolamento e desprezo

por inquilinos do trono.

O Rio Grande tem dono,

este povo de raiz

que honra a tudo que diz,

mas o Brasil não entende

porque o sul não se vende

como vende-se o país.

 

 

Respeitamos a nação,

a riqueza, o território

e este povo notório,

um a um como irmão,

mas queremos compreensão

e igualdade pro Estado

que é meio acastelhanado

no entanto é brasileiro

e aqui fez pátria primeiro,

dando ao Brasil um legado.

 

Que Neto e seu intento

Sejam memória ao Seival,

Preservando o ideal

De Gomes Jardim e Bento

Que haja sempre o sentimento

Da velha honra de luta

Dos tauras que em reculuta

nos deram a tricolor

cantemos o nosso amor

azar de quem não escuta.

 

 

Nós somos os descendentes

destes honrados farrapos,

por isso nascemos guapos,

brasileiros diferentes,

somos gaúchos conscientes

dos seus ideais e planos

e dos valores pampianos:

canto, poesia e pajada

e a cultura entrincheirada

contra invasores tiranos.

 

Não festejamos morte

que pintou de sangue o chão

louvamos a retidão

de nossa indiada forte.

Sejamos de sul a norte

irmãos e não só ouvinte

que cada gaúcho pinte

a cultura soberana.

Cantemos esta semana

Farroupilha, o dia vinte.