Do Pampa ao Pantanal

Paulo de Freitas Mendonça

 

Vim sorrindo do meu pago,

chorei estando distante,

mas levei a vida avante,

co’a solidão por afago.

Chimarreando trago a trago

sorvi credibilidade,

domei a brutalidade

do meu próprio ser brutal.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Do lugar onde nasci,

no sul do imenso país,

trago amor pela raiz

à Querência que escolhi.

Embora vivendo aqui

com minha felicidade

Ficou lá uma metade

gauchesca e bem bagual.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Meu sonho correu lonjuras,

deixou rastros encravados,

no chão de ambos estados

pra sorver duas culturas.

Imprimiu vozes seguras

de amor e fidelidade

com esta brasilidade

de quem possui ideal.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Pampa é pátria eterna

onde enterrei meu umbigo

Pantanal, meu novo abrigo,

é uma querência fraterna.

Quando aqui boleei a perna

com sonhos próprios da idade,

quis mudar a realidade,

trouxe o jeito cultural

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Amo este apego ao chão

com raiz e sentimento,

porém resolvi ser vento

e ganhar a imensidão,

hoje, entre viola e violão

uma cumplicidade

forjando uma identidade

de expressão sul-central.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Ao mundo miro ansioso

nesta planície sem fim

e a brisa que chega em mim

traz um calmante gostoso.

O tempo branqueou o toso,

ergueu do campo a cidade

e pintou minha verdade

num sonho descomunal.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Pantanal da natureza,

das tropas e alagados,

destes meus olhos molhados

pelo pranto da incerteza

Terra em que brota riqueza

com frutos de liberdade,

da flora em quantidade

e fauna excepcional.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudade.

 

Brasileiro sim senhor,

orgulho de rio-grandense

porém sul-matogrossense

a prole é linda qual flor,

mestiça essência do amor,

integradora unidade,

contrapondo a dubiedade

de um anseio espiritual.

Do Pampa ao Pantanal

distância e saudad


e.