HERANÇA TRADICIONAL

                                                       Osvaldo Machado

 

Há muitos anos passados,

quando vovô era vivo,

carregou sempre consigo,

um traste de estimação.

Por amar à tradição,

como relíquia guardou,

como herança me deixou,

esta gaita de botão.

 

Velho tareco manhoso,

que traz de berço a incumbência,

de despertar a querência,

numa vanera marcada,

acordando a peonada,

nos dias de marcação,

o que seria deste peão,

sem esta gaita voz-trocada!

 

Fostes, nos tempos passados,

um traste de serventia.

Pra acompanhar cantoria,

e as rimas do pajador.

Para os versos do trovador

fizeste acompanhamento.

Hoje sem teu complemento,

meu verso não tem valor.

 

Velha gaita de oito baixos,

dos tempos de antigamente,

que sempre se fez presente,

nos fandangos de galpão.

Nas rodas de chimarrão,

o teu sucesso é total,

és a mais tradicional,

no culto da tradição.

 

Esta sanfona que falo,

é de madeira e papelão.

Duas hilheiras de botão,

que sempre me acompanhou.

Herança do meu avô,

que nunca me sai da mente,

por ser o maior presente,

Que o pai do meu pai, deixou!