LAÇOS DE AMOR

Marco Antônio Dutra

 

Cresci no meu faz de conta,

Bombeando para esse homem

Trazia na sua estampa

E no aço bronze dos braços

O esteio de um galpão,

Que aqui chamamos de lar.

 

Ao meu lado, tinha a esposa,

Na guarda filhos para criar.

Changueava aqui no povo,

Durante toda a semana,

Pois num ofício urbano

Carecia trabalhar.

 

Quando chegava Domingo

E a barra do dia levantava no horizonte

Já o encontrava pilchado,

No luxo de uma bombacha

com desenhos de botões,

No pescoço o lenção branco,

Lembrando bandeira de paz.

 

Num cepito, sombreado de cinamomos,

A sorver goles de amargo,

Naquelas manhãs de sol.

Desse jeito traduzia

Os sábios ensinamentos

para os que pouco entendiam.

Por serem jovens demais,

Ou de pouca compreensão.

 

Ah, velhito!...

Hoje guardo lembranças

Daquela infância tão linda

Vivida no teu costado.

Pois aquele homem altivo

Com pilchas do meio urbano,

Trouxe dentro da alma,

Do seu tempo de guri,

As belezas campesinas

Do seu torrão Taquari.