TAURA VELHO

Maicon Cigolini

 

De manhã bem cedo

O serviço começa...

Peão de estância.

O cavalo, o gado,

A espingarda, a boleadeira,

O arado...

Ferramentas de tua luta.

 

O seviço é pesado,

Não é pra qualquer um.

O pago é grande

E a lida demorada.

Defende a estância

Até sua morte,

Pois medo não tem.

É gaúcho macho

E alguém duvide pra ver!

 

Algumas chinas em sua vida,

Mas prenda ele não tem.

O serviço que faz tão bem

É feito sózinho.

A faca está sempre na guaiaca,

O chapéu velho

Sempre na cabeça.

Fibra forte

Queimado do sol,

Homem gaudério!

 

Sangue grosso,

Lenço vermelho...

É um taura de verdade

Peleando entre os campos,

Cuidando do rancho,

Não tem pena de ninguém!

Pra guerra já foi,

Matou muitos homens

Que ousaram passar em seu caminho.

A raça está na sua cara,

Não esconde de ninguém!

 

Pra entreverar-se numa peleia

Fazia de tudo...

Dava a cara à tapa

Mas se levava não deixava barato.

É desses tipos que é difícil encontar!

Gentil não é, nem faz questão.

É grosso, porém de seu serviço ninguém reclama.

O patrão confia nele.

 

O campo é seu lar,

A vaneira é sua alegria,

O cavalo é o seu amigo.

Bombacha, camisa, lenço, bota...

Sua estampa.

É um caudilho dos pampas

Quem o não conhece.

Taura velho, respeito tu mereces.

 

Taura velho,

Na vida és peleador

A cabeça nunca abaixou.

Que contigo não se meta

Quem cruzar o teu caminho,

Pois nem pedra irá sobrar,

És fibra forte.

 

Espelho de raça,

Peão de estância.

Destreza, capacidade,

Punho forte.

Na cama não irá morrer,

Pois antigamente é peleando que se morria

E taura como tu,

Mostra que peão não abaixa a arma

Antes de morrer.

Levanta o chapéu

E segue tua luta,

Pois taura como tu

É que orgulha nosso Estado!