MATEANDO SOLITO

Luiz Menezes

 

Era dia de festa. Na ramada,

Uma cordeona derramava guinchos

Que iam de encontro ao eco dos buchinchos

De eras passadas de entreveros machos

Em contraponto de compaço, os baixos,

Da voz roquenha das mesmas gaitas

Dava ao fandango, uma loucura taita,

Cansando os velhos, delgaçando os guaxos.

 

Este meu rancho já nasceu sem porta!

Era um negrito para os companheiros,

Sem atinar que só se tem parceiros

Nas horas buenas de fartura larga...

Pois no revés quando a volteada é amarga

E nem pito, pra consolo sobra,

Todos nos fogem na primeira dobra,

O fiado cessa, o cinturão se alarga.

 

Gaiteiro Bueno companheiro certo

Tinha seu rancho fama de bilicho

onde a peonado toda por cambichpo

se arriscava por prazer no mas;

pra um churrasquito e chimarrão de atrás

não tinha dia, hora nem semana

era pintada em infusão de cana

que por lambuja se “matava o bicho”

 

mas lá um dia se enrredou nas quartas

mermou-lhe a carne a doença traiçoeira

e ele, do rancho, olhando para a porteira,

teve um sorriso esmaecido e triste

chamando a china, lhe falou: já triste?

Nasceu capim debaixo dos varais...

Não ceve o mate já não quero mais

Se custa tanto pra secar a chaleira...