O COMBATE

Luiz Lopes de Souza

Um sol solene e longínquo
se fez lume da ribalta
no palco do barbarismo...

 

... uma bandeira de guerra
tremulava em vivas cores,
nos olhos abrasadores
dos bravos da mesma terra...!

 

Peleavam, pelo instinto
de gladiadores terrunhos
que, às vezes sequer sabiam,
a razão por que peleavam
e a razão porque morriam...!

 

Ocultos na fúria cega
uma horda em levantina,
espreitava o inimigo
ansiando a carnificina,
qual famulento animal
forjando a gula felina
no fio da garra cerval...!

 

Ao retumbarem clarins
em sonatas legendárias,
é como se o céu e a terra
submergissem no abismo
de procelas milenárias,
indefensos ao terror
de carrancas sanguinárias...!

 

Se chocam iras ingentes
de ciclones oponentes
em nefastas colisões,
como gigantes das trevas
urgindo o furor das guerras
na matraca dos trovões...!

 

... lanças ágeis enristadas...!
... pernas férreas estribadas
atufando loucamente
na voragem do embate...!
... em cargas bruscas de ferros

 

espadanam as adagas
carniceiras e atrozes,
que são frias e mortais
em mãos carrascas e algozes...!

 

... esquivam corpos e fletes,
se dispersam..., se aglomeram
num duelo horripilante
de carnes, ossos e aço!
... no revide convulsivo
de sangrento fanatismo,
morrem mártires de si
num utópico heroísmo!

 

... em volto a brados, gemidos,
degolados, esvaídos,
cresce o ódioinextinguível
e o instinto animalesco
com sede horrenda de sangue
e insana veemência,
de um genocídio de guapos
nas coxilhas da querência..!



A tarde como em pesar
calando o clamor das turbas,
deixou que caísse o pano
no palco do barbarismo...

 

O sol se pôs de vagar
com seu lume rutilante,
dando um remoto sombreado
sobre o combate distante,
onde ainda os indomáveis
no auge da rebeldia,
peleavam por atavismo
e morriam por valentia!

 

Perdida sobre a coxilha
entremeada aos jazentes,
uma bandeira em farrapos
tremulava numa lança
prestes a ir com o vento.
Já não espargia cores...
num voluntário tributo
como a noite se fez negra...
- A Pampa estava de luto!!!