MARIA...A LOUCA

 Luis Lopes de Souza

 

Todo o pago conhecia,

a louca, chamavam...

mas seu nome, qual será?

 

Jeito rude, alma forte

qual raiz de tarumã

naquele racho tapera

mesclado de picumã.

 

A desprovida aparência

causava inocente medo

ás mocinhas da querência...

Aquela estranha figura

não vagamente lembrava,

a história da bruxa rude

que a “” finada contava...

 

...teve marido, um bravo

que, ao tranco de um doradilho

seguiu um dia um caudilho,

pra fazer de seus anseios

mais uma cruz na coxilha..

 

Depois mais tarde...

os filhos também se foram

seguindo na mesma trilha,

fazendo de seus anseios

outras cruzes na coxilha...

 

E ela, ficou solita

naquele rancho costeiro...

amargando a descendência

cansou de contar janeiros...

 

Diziam...que ficou louca...

O mutismo da espera

olvidou seu cotidiano,

num lugar boeno talvez...

mundo sublime do insano...

Em sua ilusão rediviva

a guerra nunca acabou.

 

O andante que cruzasse

naquele rancho tapera

mesclado de picumã,

via um perfil miserável

em vigilante postura,

e um sábio conselho rude

se perdia na inquietude

de pajonais e lhanuras...

 

Vai meu filho, vai pelear!

A mãe velha fica aqui...

Um macho bravo não chpora

mas merece ter alguém

que chore em seu lugar...

 

Pois vá, vá pelear meu filho,

eu fico aqui esperando e chorando...

Se preciso for, morro peleando

honrado, guapo e descente,

e jamais tema a morte!

Pois ela conhece um forte,

respeita um índio valente!

 

...o reverente conselho

o de voraz de atavismo

a história vã não guardou,

por lenitivo maluco

o tempo arcaico apagou...

 

Mas seu instinto de bravura

eternizou-se na estampa,

pra ser legenda e nobreza

das mulheres desta pampa...

 

Sim...

Todo o pago conhecia,

a louca.. chamavam,

mas seu nome era. Maria!