Quando um Pássaro deixa o Ninho

 Loresone Barbosa

Poema enviado por Kamila Souza Laurindo

Prenda Juvenil

CTG Os Praianos -7° RT – MTG SC – São José)

 

 

Hoje, meus olhos órfãos de lágrimas
Desprenderam-se do eterno outono
Desprezaram horizontes largos,
Despiram-se de dor e madrugadas
E em fim sepultaram mágoas
A sete palmos do sonho.

Pois a estrada é um descaminho
Pra quem andando sozinho
Reponta um fio de esperanças,
Que já ganharam distâncias,
Que já migraram do ninho.

Infundada é a dor da saudade
Que sempre esbarra na tarde,
Que não se sabe onde pulsa,
Faz que se cala soluça
Faz que dispara  me invade.

A minha vida é assim:
Passos que passam por mim,
Olhos que enxergam não vêem
Divinas preces pra alguém
Que desprezou nosso fim.

Agora; é reinventar a vida,
Redescobrir o caminho,
Vestir coração e alma
Co´a sobra do teu carinho
E enrigecer de ternura
O meu amor que figura
Num palco que tão sozinho.

Pois não importa o que passa
A vida segue a seu gosto,
Sempre amanhece no posto,
Só minha aurora é sombria,
Preciso acordar no peito
O sol que brilha discreto
Na escuridão do meu dia.

Dia que fora tão lindo!...
- mais claro que a lua inteira
pleno de luz quimeras,
onde habitaram teus olhos
mais belos que a estrela d´alva,
mais ternos que a primavera!...

Ainda vejo teu sorriso
quando recorro a janela
querendo te ver chegar,
mesmo sabendo que as asas
que te levaram das casas
desprenderam meu rumo,
esvaziaram meu sonho
e já não sabem voltar.

Neste peito desusado
Onde o amor não envelhece,
Cuido da plole que cresce
Sem descobrir teus afagos,
Me recomponho em silêncio,
Disfarço a dor da saudade,
Que sempre chega nas tardes
Sem me trazer teus abraços.

Que o tempo pinte em meu rosto
Algum resto de sorriso,
Que a brevidade da vida
Me ensine o recomeçar,
Que siga batendo forte
Meu coração egoísta
Que não divide a visita
Pra  solidão que me invade.

Não digo que será fácil
Pra recompor nosso ninho,
Se falta lua em meu céu
Sobram ingênuos sorrisos
Pra clarear meu caminho,
Pois quem nasceu pra voar
Não pinta rastros no chão,
O meu pássaro partiu;
Abriu as asas voou
Repartiu tudo que sou
Mas deixou-me os passarinhos!...