A
QUEM FICOU NA SOLEIRA
Lorezoni
Barbosa
com
ânsias de pátria,
que
alçaram coragem
pra
fazer história
no
lombo dos pingos
deixando
na tela
dos
olhos da amada,
esperanças
molhadas
salgando
paisagem
de
ternos domingos.
Gaúchos,
provincianos,
tropeiros
e lavradores,
que
se fizeram soldados
trocando
campos e arados
pela
espada e o fuzil,
pois
os campos de batalhas
sedentos
pelo entreveiro,
já
desenhavam heróis
com
o sangue dos boçais
sobre
o verdor dos potreiros.
-
Vida e morte; noite e dia.
No
calorão das refregas
ou
das madrugadas frias,
quando
a saudade golpeia
co’a
espada das Três Marias.
Ouve-se
a voz de um clarim
antes
do sol nas trincheiras
e o
cabo que negaceia
manda
o sinal da peleia
abrindo
um rombo no céu,
a
cavalhada escarceia
e
um já griota, alçando a perna;
- É
no pavor de uma carga
que
o taura que honra a farda
franze
a testa e não se entrega..
É
nessa hora encardida
que
a vida ganha sentido,
pelear,
matar ou morrer
não
são motivos pra ser
se
for pra ser repartido!
E a
quem ficou na soleira
degustando
a dor da espera,
enclausurando
quimeras
-
para iludir as tristezas -
No
fundo do coração,
resta
semear esperanças
no
campo do pensamento
e o
olhar a esmo a distância
gastando
em terço de prata
lanceiras
preces ao vento.
Por
isso saco o sombreiro
e
até me ajeito nos bastos
quando
cruzo um monumento,
pois
sei que no firmamento,
encontrarei
os teus rastros.
E
quando alguém me pergunta;
-
quem são os da praça
vestidos
de pátria
inertes
e altivos
no
lombo dos pingos?...
Lhes
digo:
-
São eles!...
Aqueles
que um dia
pra
fazer história
deixaram
na tela
dos
olhos da amada,
esperanças
molhadas
salgando
as paisagens
de
eternos domingos...