CLOPAS PARA UM FIM DE TARDE

Lauro Antonio Corrêa Simões

 

Sempre...

quando a tarde apeia, na coxilha, ao longe,

separando as garras, do seu cavalete; um pelegão “pitanga”

(desses que inté hoje, se discute alpedo.

se tem valia de pilcha campeira).

Então ...

sob os alvoredos, num cepito mocho,

a bombear o ocaso, cambonelo um mate

e, um jujito - n”água - capincheando” desce

pela correnteza da osca chaleira!

 

Me quedo...

de manso - como em ressolana -

nessa tarde bruta de calor medonho!

A chuliar distâncias e o chegar das mansas

que, ao tranco, mugindo, vêm lamberem crias

na jaula de arames, entre puas brabas!

No palanque...

escarceando, um mouro, recém galopeado,

a tentear a rédea, pisoteando a baba!

 

Oigalê fim de tarde...

Quase  sempre o mesmo, mas nem sempre igual!

- Inda falta algo nesse cinamomo!

- É uma pomba rola que ali tem o ninho

e até agora não voltou pra o pouso!

- Bem que hoje cedo repontei os pintos,

que um gavião matreiro andava cargoso!

- Pobre da pombita, me sumiu das casas,

mas deixou o rancho para um novo dono!

 

Ah, e os frangos...

Quando o sol se atora na coxilha grande,

já não fazem “causo” do guri que anda

debulhando nacos de “galleta” dura, por sobre a varanda!...

Vão rumbeando, em fila, que o galo - ponteiro -

arrastando esporas, entonado manda:

- Todos madrugarem no seu galinheiro!

 

Ah! Campanha linda...

Até os grilitos que me varam noites, têm clarins na voz!

As pás do moinho são xucras adagas a tourearem ventos!

No cair da tarde - quando chimarreio - sob os arvoredos

mais te sinto - pago - me cinchando ao laço

que a alma guasqueira trançou despacito,

no meu sentimento!

 

Sempre...

Quando o dia finda, pelas léguas largas, desses cafundós,

mais os quero-queros, meus velhos vizinhos, são mangrulhos vivos!

Quando a tarde apeia - na restinga funda - nunca fico só!

 

Um refrão de vozes, a brotar do chão, afinam seu canto

e, lá do galpão, um rádio de pilhas, retrechando acordes

me relembra bailes de levantar pó!

 

Quando a noite chega...

Não importa aonde, sempre tem alguém a cevar um mate!

Sempre há uma voz;

Um berro;

Um relincho;

Um latir de cuscos;

Um cantar de galos (qual em primavera);

Um guri correndo;

Um prosear e risos

ou, senão, o rancho... já virou tapera!...