SONHOS

 Jurema Chaves

Eu reponto meus baguais de sonhos

Pela estrada, rumo ao desconhecido,

Neste tempo que não para,

E seus rastros deixam marcas empoeiradas,

A cada passo...

A cada madrugada... Mais um adeus...

Outra chegada.

E a esperança vai mermando encimesmada,

É o sol da vida se ocultando,

Nos dobrões da estrada.

 

Ah!... Esta estrada

Por onde a vida passa,

Nem um galopar insano.

Na cancha reta dos anos,

Ficam marcas silenciosas,

Fazendo ecos nas almas,

E a cada curva,

Mais uma ilusão perdida.

É mais um remendo no poncho da vida,

que um dia se cansa,

De ser remendada,

Seguindo no contra-passo do tempo,

Levando presa nos tentos,

Apenas uma mala de garupa,

Repleta de sonhos.

E... Mais nada.

 

Sonhar...Poder...

Domar o potro do destino.

Estacionar o tempo...Retroceder.

Voltar a estação da vida

Galopar tropilhas de sonhos coloridos,

Emoções sentidas... E muito querer.

 

O sonho deve ser esta criança,

Que, dentro de mim,

Não quer adormecer.

O tempo, que, apaga tudo por onde passa,

Faz a vida se esvair como fumaça.

Não conseguiu, fazer o sonho envelhecer.

 

Quisera poder, apresilhar a vida.

Nos moerões do tempo.

 

Unindo duas pontas, que,

No faz de conta eu sonho poder,

Restaurar na velhice, a adolescência,

Restaurando a estação que passou.

Mas não posso buscar o que perdi,

Tudo o que ficou... O que hoje sou.

Me perdi de mim.

Nesta corrida louca, que,

Deixou-me um amargo na boca.

E profunda cicatriz no coração.

 

E,  aqueles olhos de menina.

Que olhava a vida verde, colorida.

Hoje se debruça entristecida.

Num muro de lembranças e saudades.

É a vida...

Trem do tempo, que leva consigo,

Vagões repletos de ilusões e desenganos.

E, nossos anos... Nossa primavera tão linda,

Espiando a vida, com olhos de paz.

E chega o verão de sol escaldante.

Da águas cantantes.

Batendo nas margens,

Voltando pra traz,

Mas... Chega o inverno, vestindo de branco,

Meus campos em flor.

 

E os dias que choram,

A falta do sol... De sol e calor,

Sabendo que a vida, é apenas um sonho,

Com asas azuis...

No céu da ilusão...

 

E o sol vai marcando de rugas,

O poente dos meus dias

E o potro dos meus sonhos,

Não galopa mais.

Só a xucra saudade, a esporear o peito,

E, todos os dias, se tornam iguais.

Porque no final desse caminho,

Não adianta olharmos para traz,

Por isso a importância de, cada passo...

Cada momento, vive-los plenamente

Só assim poderemos tê-los eternamente,

Aprisionados no olhar.

Num alambrado de recordaçõe.

Feliz, quem tem uma saudade, pra chorar,

 

A vida em seus caminhos,

Tantos contratempos. Descaminhos.

No corre-corre do tempo,

Vai despindo a vida,

Que descolorida...

Vai andando aesmo.

Neste sentir falta... Onde tudo me falta.

Pois falta... A mim mesma.