LEMBRANÇA

Jurema Chaves

 

Como é lindo ver o gado

se espalhando na invernada

cedito de madrugada

o gaúcho e seu cavalo

do reio, ouço o estalo,

e o lindo som do berrante

eu sinto naquele instante

as emoções que te falo.

 

Ouvindo o tirim-timtim

alguém arrastando a espora

a galopar campo afora

a cavalo na lembrança

de mãos dadas com a esperança

vai o gaúcho altaneiro

honrando o chão brasileiro

que ama desde criança.

 

Até mesmo meu chapéu

ostentado com orgulho

na saudade eu mergulho

e vejo teu pala branco

que já secou o meu pranto

num momento de emoção

quando apertou minha mão

dizendo me amar tanto.

 

A vida é incoerente

e o tempo passa voando

e com ele vai levando

aquilo que mais amamos

nem liga pra o que choramos

e a corrida segue em frente

nos dá sonho de presente

que nunca realizamos.

 

Partistes para outra querência

para cumprir teu destino

não és mais um menino

eu deixei de ser criança

mas não perdi a esperança

de realizar o sonho

do projeto mais risonho

criado na nossa infância.

 

Nos descaminhos da vida

que não existe retorno

a sensação de abandono

que sinto nesta distância

vai aumentando esta ânsia

de encontrar-te de novo

e viver junto a este povo

onde passamos a infância.

 

Quisera ter novamente

a sensação do carinho

e cruzar o teu caminho

buscando o mesmo ideal

rever a terra natal

onde crescemos juntinhos

cantando com os passarinhos

o nosso sonho imortal.

 

Projetamos o futuro

numa casinha singela

com jerânios na janela

para enfeitar nosso ninho

construindo com carinho

alicerçando a lealdade.

Sonhei com a felicidade

que seguiu outro caminho.