HERANÇA DE AMOR

 Jurema Chaves

 

Lembro com muita saudade

da minha vida lá fora

via o romper da aurora

com papai junto ao fogão

sorvendo seu chimarrão

escutando a passarada

enfeitando a madrugada

falando de tradição.

 

Meu pai, um gaúcho guapo,

mamã, uma china prendada,

que usava saia rodada

e uma flor no cabelo,

criaram-me com tanto zelo

amor e dedicação

foi com eles que aprendi

a amar este rincão.

 

Mamãe arrumava tudo

com todo amor e cuidado

naquele rancho barreado

morava a tranqüilidade

minha mãe plantava flores

e papai semeava amores

eu colhia felicidades.

 

Sempre ouvi eles dizendo

que a natureza é divina

por isso, minha menina,

trate as plantas com carinho

que amanhã os passarinhos

cantarão nos galhos dela

teremos uma seresta

da mais sublime orquestra

em frente a nossa janela.

 

Fui crescendo e aprendendo

a ter este amor sagrado

pelos meus antepassados

e ter orgulho deste chão

em toda sua importância

em sabermos desde a infância

cultuar a tradição.

 

Me ensinaram desde cedo

a amar meu pago santo

e o povo que quero tanto

meu pavilhão tricolor

honrando a minha nação

conservo no coração

a minha herança de amor.

 

Fico abraçando o passado

acariciando as lembranças

de uma menina de tranças

negras como a noite escura

mas conservo a alma pura

mostrando pro mundo inteiro

o meu Rio Grande altaneiro

que a tradição é cultura.