ASAS DE COLIBRI

  Jurema Chaves          

 


Minha alma é livre

Como um colibri

Mas se prende a ti,

Minha flor cheirosa,

Meu botão de rosa

A desabrochar num riso

Ah! como eu preciso

Desse jeito meigo

De mulher charmosa.

 

Minha alma é livre,

Sim, a minha alma é livre

Como é livre o vento,

Este sentimento

É que me enreda os passos

Neste contrapasso

Eu perco o compasso

Por querer-te tanto,

Vou compondo um canto

Num hino que os anjos

Solfejam no espaço,

Mesclando perfumes

Destes teus abraços.

 

Minha alma é livre,

Sendo aprisionada

Nestas mãos de fada

Voz aveludada,

Teus olhos de anjo

São duas algemas

Leves e perfumadas

Que me roubam tudo

Sem tirar-me nada

 

Minha alma é livre,

Coração alado

Um gosto de pecado,

Crime sem perdão

Que amor é este

Que prende e liberta

Que me desconcerta

Que insana razão

Que me rouba o sono

Que me põe num trono

E me joga no chão.

 

Por amor me prendas

Por favor, entendas a minha razão,

Se minha alma é livre

É para estar contigo

Ser teu poncho-abrigo

Ser teu coração.

Sou um rico mendigo

Teu melhor amigo

Teu amor antigo

É tu, és o melhor de mim,

A minha verdade

Minha liberdade,

Amor que transcende, além do adeus,

Mas, se tudo isso pode ser pecado

Serei condenado,

Pagarei o preço pelos erros meus

Para ter a suprema ventura

E morrer sufocado na ternura,

Da prisão dourada,

Destes olhos teus!

 

Minha alma é livre,

Buscando a prisão

Sem prender-se nunca

Como um colibri.

Eu já me perdi,

Tentando encontrar-me,

Soou o alarme e nem percebi,

Tão enternecido,

Fui seguindo em frente,

Quase inconsciente,

A buscar somente a luz do teu olhar,

Que, por mais que me zangue

Me incendeia o sangue

Põe meu peito em brasas,

Quero que me abraces

Me apertes, me amasses...

Mas, por favor, não quebre,

As minhas asas!