OS PRIMEIROS VERSOS DE AMOR A TERRA

Júlio César Paim

 

Olhe!

Olhe para mim

não como se eu fosse

um malmequer ou uma mulher,

que bem te quer...

... e inspira o poeta e o cantor!

 

Olhe para mim,

como se você ainda fosse criança

e tivesse essa esperança,

que envolve minha mente

e minha alma em flor!...

 

Porque no meu interior,

sob esse vestido simples,

que já não é de chita,

um coração de mulher bonita!

 

E pouco importa a minha descendência

(se européia, castelhana ou guarani).

O importante é que nas minhas veias,

corre um sangue de liberdade...

É o sangue do sangue, que vem de ti...

E traz em si um ideal de paz

e o mesmo anseio de felicidade.

 

Sim... O ideal é o mesmo!

SE o tempo é outro, o problema é do tempo...

E dos relógios de areia, que parecem

cansados de ver o tempo passar.

Eu... eu não me canso dessa vida devagar!

Aliás, eu recém entrei no palco da vida,

e mal sei ler, escrever... e falar...

 

Mas sei decorar

e expressar, num poema

todo o amor pela minha Terra...

e me fiz flor das mais velhas raízes

das cicatrizes de guerra.

 

Eu sei que não sou Anita,

a Cabo Toco, Ana Terra ou Bibiana Cambará.

Por isso não me olhem como se eu fosse

uma heroína...Mas olhe pra mim

como se eu fosse uma pequena flor,

a mais simples flor campeira!

...Que traz em si a essência da querência

e a consciência de que o tempo

de me tornar mulher!

 

Mulher simples!

Porque as coisas mais simples

são as mais belas!

E que as estrelas mais brilhantes

são aquelas que estão além do nosso olhar,

numa aquarela que ninguém pode comprar.

 

É assim que eu quero ser quando crescer:

uma mulher simples! Capaz de sonhar

e, de lançar na terra uma semente de sonho!

Porque a terra é fértil...

Porque traz em si a força da fé

e o mistério da criação.

Capaz de transformar uma semente

num poema de amor a terra...

... que é terapia para o corpo...

... energia para o coração...

... e pão para a alma de quem é livre

e ama profundamente esse chão.