Sala de Rancho

Juarez Machado de Farias

 

Uma sala de rancho

Encanta os olhos meus...

 

As florzinhas do campo

vivendo no vaso singelo,

lê deixando no espaço...

em repouso...

o matiz amarelo do sol...

 

Que floresce na porta do rancho

e amorna os elementos da sala...

 

Uma sala de rancho

Guarda a mesa vestida

Com toalha bordada

Por mãos de varanda...

 

Cadeiras de palha

Escutam os corpos...

Chapéus de trabalho

e longas conversas

que falam de tempo,

que falam de chuva,

que falam se estio...

e longas colheitas!...

 

Ali... na parede rubra...

o retrato sem muldura

estampado sorrisos

de mortos e vivos!...

 

Um cabide silente e servil...

Um pano branco falando de asseio,

com letras bordadas...

E a porta que se escancara

para céu das estradas!...

 

Uma sala de rancho

Saúda o sempre beija-flor...

Alado profeta de boas-novas...

Pairando a carícia do gesto...

Tremeluzindo as asas

no frenesi da vida...

 

Uma sala de rancho

Abre a janela com gosto...

Sofre no vento de agosto...

Arde no sol de dezembro...

Olha as flores de setembro

e o limiar do sol posto.

 

Uma sala de rancho

é a ternura viva

que as criaturas suadas do campo

criam e recriam...

Arrumam e rearrumam

na lida constante

que ao sol inicia.

 

Uma sala de rancho

revela-se por inteiro

no courito de terneiro

vestindo a nudez do piso de chão...

 

Simples como deve ser o coração

dos homens de arranha-céu...