AOS SEPARATISTAS

José João Sampaio

 

O século Che ao final

E o homem, eterno problema,

Não equacionou o teorema

Da fome e do ódio racial

E há quem hasteie por sinal

Bandeiras nazi-fascistas

Mas aos fogões nativistas

De telúricos anseios

Não chegam rinchos e orneios

Das bestas separatistas.

 

Por respeito aos ancestrais

No tempo imortalizados

Guardamos perenizados

Os mais puros ideais

E não venham, antes morais

Falar por um povo inteiro

Pois este chão missioneiro

Que não treme nem se estague

Viu rolar um rio de sangue

Pra continuar brasileiro.

 

Se até as duas Alemanhas

Três decênios separadas

Se abraçaram irmanadas

Numa gloriosa campanha

De nada valem as falsas manhas

Nas lutas de liberdade

Temos na hereditariedade

Um fervor cívico que é um vento

E esse nosso sentimento

Se chama brasilidade.

 

E esses pigmeus mentais

Por nós não serão nomeados

Pra serem martirizados

E assim entrar nos anais

Deixem a besta venais

Falarem á luz dos sóis

Que ouçamos seus rouxinóis

Artificiais, sem altivez

E não os ponham no xadrez

Pra não virarem heróis.

 

Por isso nós, os pajadores,

Que andamos por esta pampa

Repudiamos a estampa

Dos falsos libertadores

Pois o Rio Grande, senhores,

Está aqui e não está solito

Conserva integro9 o rito

Da comunhão nacional

Não vai atrás de um boçal

Pretensamente erudito.

 

Dentro desse paralelo

Abaixo o separatismo

Pois o fogãodo nativismo

Ficou mais uno e mais belo

Pintado em verde-amarelo

O lábaro do rincão

Drapejará na amplidão

Pois entre o presente e o passado

Somos o único estado

Que é Brasil por opção.