MODERNISMO

Jorge Lima

 

Faz tempo venho notando

Que o mundo se transformou

Muita saudade ficou

Dos tempos de antigamente

Hoje tudo é diferente

Com progresso e evolução

Só que ninguém mais se entende

É muito grande a confusão.

 

Importaram do estrangeiro

Uma prosa complicada

Cultura modificada

Diz que em nome do progresso

E o importado faz sucesso

Entre o pobre e o estancieiro

Faltam só trocar de nome

O churrasco e o meu arroz de carreteiro.

 

Os jovens não querem mais

As modas de antigamente

Até um baile é diferente

Isto é coisa que acontece

As danças ao que me parece

restam vaga lembrança

Porque é no tal Rap e no Rock

Que a juventude balança.

 

Esse tal de som mecânico

Nas festas do meu rincão

Calaram a gaita e o violão

Estes dois trastes sagrados

E para os modernizados

Sem alma e sem devoção

Não sabem que são relíquias

Da gaúcha Tradição.

 

Eu nasci aqui nas Missões

Fui criado a campo fora

E no tinido da espora

Danço xote e vanerão

Levanto poeira do chão

Num fandango missioneiro

Nunca vou trocar o que é nosso

Por coisas do estrangeiro.

 

E o povo vem embalado

Achando lindo a loucura

Eu vejo com amargura

As coisas se complicando

O pessoal se envenenando

Não dando valor pra vida

Se nós não saltar na frente

A carreira está perdida.

 

Eu não sou contra o progresso

Mas tudo tem seu limite

Por isso eu digo e acredite

Estão poluindo a querência

Vamos tomar uma providência

Antes que a coisa desande

Porque senão trocam as cores

Da Bandeira do Rio Grande.