R O S A

João Pantaleão G. Leite

 

 

Amigo Chega p’ra cá

Puxe o cepo, te abanca,

Descansa essa perna manca

Que tanto andou pelo pago,

Tu que és um índio vago

Criado guacho, sem manha;

Vai te afogando na canha

Enquanto cevo um amargo.

 

Foi bom você ter chegado,

Tenho contigo uma prosa:

Lembra-te daquela rosa

Enfeite de minha vida?

Numa manhã florida

Deixei sozinha no rancho,

Nisto, passou um carancho,

Levou minha rosa querida.

 

Dela não tenho noticia,

Nem sei que rumo tomou,

Só sei que quem me levou

Deixou aberta a cancela.

O que restou dessa bela

Para mim de recordação

Foi a cuia de chimarrão

Gravada com o nome dela.

 

Depois que ela se foi

Caiu por terra meu sonho,

Solito vivo tristonho

Gauderiando na campanha;

Por isso, amigo, sem manha!

Te peço com todo respeito,

Deixe que este meu peito

Também se afogue na canha.