Meu Livro

João Pantaleão G. Leite

 

 

Este livro que apresento

Num reponte de memória,

Retrata o marco da história

Do pampa meridional;

Trazendo forte sinal

Do coice duma garrucha

E a rude estirpe gaúcha

De um taura velho bagual.

 

 

Aos cueras que me dirijo

Boleio a perna e apeio,

Embora num chão alheio

Vou apenas deixar recado;

Firmo as rédeas do tostado

Que tem sobra na garupa;

Dando meu grito de upa

Me referindo ao passado.

 

 

E num relâmpago de adaga

Que clareia na coxilha,

Vejo um taura farroupilha

Lutando por igualdade

E, na mesma claridade,

Eu vejo um poncho em changue

Pintando gotas de sangue

Nos campos da liberdade.

 

 

Por isso soltei meu livro

No gauderiar da querência;

Não quero por excelência,

Ser beneficio de palma;

Sou cuera de muita calma

Em cantar meu torrão,

Pois povo sem tradição;

É povo que não tem alma.